O
dia 26 de janeiro de 2013 ficará marcado na história Brasileira como a data em
que ocorreu uma das maiores tragédias no nosso país, ocorrida na cidade de
Santa Maria no Rio grande do Sul, onde no interior da boate Kiss morreram entre
230 e 245 pessoas, não sei ao certo a quantidade de mortos, pois os diversos órgãos
de imprensa sempre divulgam números diferentes.
Não
sei se eu poderia classificar este fato como um acidente, mas também não
poderia classificar neste momento como um crime, ou ainda, apontar eventuais
culpados, porém, a sociedade necessita de respostas e necessita ainda de
culpados, e para isso diversas informações vem surgindo, algumas verdadeiras e
outras fruto da imaginação das pessoas, sendo justamente este entorno da
tragédia que vem me chamando atenção.
A
primeira informação que chocou a população e causou revolta foi a de que
seguranças da Casa de Show teriam fechado a porta de saída para que as pessoas
não saíssem sem pagar suas comandas e que certamente este tempo de retenção
teria causado a morte por asfixia de muitos jovens que estavam no local.
Eu
adotei um hábito há algum tempo em relação a informações divulgadas pela
imprensa, de forma que custo a acreditar na totalidade de determinadas
notícias, pois sei que às vezes o sensacionalismo e a conduta do “quanto pior
melhor” acaba contaminando as notícias, e neste caso, ainda resisto a acreditar
que isto tenha mesmo acontecido, tamanho seria o absurdo.
Nas
redes sociais a repercussão tem sido gigantesca, e não era para menos, com
pessoas comentando sobre o incêndio, outras compartilhando texto de autoria supostamente
de feridos, familiares e amigos das vítimas mortais, vejo pessoas associando o
evento à ira Divina ou a maldade diabólica, tenho lido comentários pedindo pena
de morte para o dono da boate e para os músicos da banda que após usarem
artefatos pirotécnicos teriam iniciado o incêndio, até piadas de humor negro
surgiram rapidamente em referência à tragédia.
Sempre
que ocorre este tipo de fato, o país passa a debater sobre as normas de
segurança e prevenção de incêndios, pois no Brasil há o costume de esperar a
tragédia acontecer para se tomar alguma providência, em que pese não ser o
primeiro acontecimento do tipo no Brasil e ainda poderíamos tomar como
referência outros incêndios ocorridos no exterior, mas aqui preferem agir
apenas depois da tragédia, assim como, por exemplo, só agiram para observar a
segurança os estádios de futebol depois que algumas pessoas morreram no Estádio
da Fonte Nova em Salvador há alguns anos.
Durante
um bom tempo iremos ouvir falar e ver debates sobre este desastre em Santa
Maria, veremos o depoimento de bombeiros falado da importância de se observar
as normas e projetos de segurança, veremos políticos tirando proveito deste
fato para se promoverem, vamos presenciar fanáticos religiosos e suas teorias
diabólicas para explicar a catástrofe, iremos assistir a imprensa cobrando
punição aos culpados e a ira da sociedade contra as pessoas que forem apontadas
como tal e exaltando o “espírito solidário do brasileiro”, mas, depois de um
tempo, este fato ficará apenas nos registros históricos.
Em
tempos de redes sociais e mídia instantânea, diversas fotos e vídeos já surgiram
no youtube mostrando os momentos de desespero das pessoas que estavam na boate,
daqui a pouco as fotos mais chocantes com os mortos passaram a circular pela
net, gerando comoção e curiosidade entre as pessoas.
De
tudo isso o que importa é que mais de 230 pessoas, quase todas jovens universitários
que tinham uma vida inteira para seguir, morreram de forma banal, morreram
quando estavam tentando se divertir, jovens se feriram quando apenas queriam
dançar, paquerar, estar com os amigos, em um local onde os sorrisos deram lugar
às lágrimas e ao desespero.