segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O ENTORNO DE UMA TRAGÉDIA





O dia 26 de janeiro de 2013 ficará marcado na história Brasileira como a data em que ocorreu uma das maiores tragédias no nosso país, ocorrida na cidade de Santa Maria no Rio grande do Sul, onde no interior da boate Kiss morreram entre 230 e 245 pessoas, não sei ao certo a quantidade de mortos, pois os diversos órgãos de imprensa sempre divulgam números diferentes.

Não sei se eu poderia classificar este fato como um acidente, mas também não poderia classificar neste momento como um crime, ou ainda, apontar eventuais culpados, porém, a sociedade necessita de respostas e necessita ainda de culpados, e para isso diversas informações vem surgindo, algumas verdadeiras e outras fruto da imaginação das pessoas, sendo justamente este entorno da tragédia que vem me chamando atenção.

A primeira informação que chocou a população e causou revolta foi a de que seguranças da Casa de Show teriam fechado a porta de saída para que as pessoas não saíssem sem pagar suas comandas e que certamente este tempo de retenção teria causado a morte por asfixia de muitos jovens que estavam no local.

Eu adotei um hábito há algum tempo em relação a informações divulgadas pela imprensa, de forma que custo a acreditar na totalidade de determinadas notícias, pois sei que às vezes o sensacionalismo e a conduta do “quanto pior melhor” acaba contaminando as notícias, e neste caso, ainda resisto a acreditar que isto tenha mesmo acontecido, tamanho seria o absurdo.

Nas redes sociais a repercussão tem sido gigantesca, e não era para menos, com pessoas comentando sobre o incêndio, outras compartilhando texto de autoria supostamente de feridos, familiares e amigos das vítimas mortais, vejo pessoas associando o evento à ira Divina ou a maldade diabólica, tenho lido comentários pedindo pena de morte para o dono da boate e para os músicos da banda que após usarem artefatos pirotécnicos teriam iniciado o incêndio, até piadas de humor negro surgiram rapidamente em referência à tragédia.

Sempre que ocorre este tipo de fato, o país passa a debater sobre as normas de segurança e prevenção de incêndios, pois no Brasil há o costume de esperar a tragédia acontecer para se tomar alguma providência, em que pese não ser o primeiro acontecimento do tipo no Brasil e ainda poderíamos tomar como referência outros incêndios ocorridos no exterior, mas aqui preferem agir apenas depois da tragédia, assim como, por exemplo, só agiram para observar a segurança os estádios de futebol depois que algumas pessoas morreram no Estádio da Fonte Nova em Salvador há alguns anos.

Durante um bom tempo iremos ouvir falar e ver debates sobre este desastre em Santa Maria, veremos o depoimento de bombeiros falado da importância de se observar as normas e projetos de segurança, veremos políticos tirando proveito deste fato para se promoverem, vamos presenciar fanáticos religiosos e suas teorias diabólicas para explicar a catástrofe, iremos assistir a imprensa cobrando punição aos culpados e a ira da sociedade contra as pessoas que forem apontadas como tal e exaltando o “espírito solidário do brasileiro”, mas, depois de um tempo, este fato ficará apenas nos registros históricos.

Em tempos de redes sociais e mídia instantânea, diversas fotos e vídeos já surgiram no youtube mostrando os momentos de desespero das pessoas que estavam na boate, daqui a pouco as fotos mais chocantes com os mortos passaram a circular pela net, gerando comoção e curiosidade entre as pessoas.

De tudo isso o que importa é que mais de 230 pessoas, quase todas jovens universitários que tinham uma vida inteira para seguir, morreram de forma banal, morreram quando estavam tentando se divertir, jovens se feriram quando apenas queriam dançar, paquerar, estar com os amigos, em um local onde os sorrisos deram lugar às lágrimas e ao desespero.

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